Ficámos a saber durante o Prós e Contras desta 2ª feira que, quer os apoiantes do Sim ao aborto quer os apoiantes do Não, estão de acordo ao afirmar que o Aborto é um Mal e que ninguém é a seu favor. É legítimo que nos perguntemos qual a fundamento dessa mesma posição.
Quanto aos apoiantes da Vida, ficámos a saber que é seu entendimento que existe às 10 semanas de gestação um ser humano que tem o mesmo direito a viver que o de um ser humano que se encontra num estádio do seu desenvolvimento mais avançado; ou seja, os apoiantes do NÃO ao aborto livre entendem que apesar de eventuais dramas humanos que concerteza existirão, a mãe não tem direito a decidir pôr termo à vida do filho que tem no seu ventre, por mais que algumas mulheres afirmem que “na sua barriga mandam elas”.
Quanto aos apoiantes do Sim, confesso que (por eventual limitação minha) fiquei um pouco baralhado….então se o aborto é um mal, o que está em causa para que se trate de um mal?...Porque existe uma “COISA” humana, segundo Lídia Jorge? Se não existe um ser humano, então porque será um mal? Gostaria que me explicassem… Porque é incómodo ir ao hospital e tomar o comprimido? Faz comichão? É anti-ecológico? é caro? É sempre “chato” abortar? Provoca traumas? Pode ser chato, mas se o preservativo não funciona a mulher independente, moderna (em contraponto com os portugueses “medievais”, segundo Lídia Jorge, que em 1998 escolheram o não), realizada, auto-suficiente, dona da sua barriga, não tem outra solução senão abortar. Mas, atenção! Não esqueçam que os apoiantes do sim ao aborto-livre são contra o aborto…Veja lá caro leitor, não encare a posição dos defensores do sim, numa perspectiva dogmática e moralista e toca a afirmar que não se trata de um ser humano, mas sim de uma coisa humana!
2- Como já se disse, os apoiantes do aborto-livre (obviamente facilitado em estabelecimento com o selo do Instituto de Soldadura e Qualidade, claro está!) consideram que o aborto é um mal. É um mal e, por isso, convertemo-lo num direito da mulher….
Baralhados? Compreensível…qualquer um deveria ficar baralhado…
3- Outro argumento utilizado (até à exustão a julgar pela expressão facial da Fernanda Câncio) no programa de ontem por algumas figuras (bastante exaltadas diga-se de passagem..) do nosso audio-visual foi o de que a actual “situação” (tratou-se de um debate cheio de "situações" por sinal...) não pode permanecer como está e é necessário alterá-la; que com a actual lei se continuam a praticar abortos….ora e como afirmou a Dra Maria José Alves sempre haverá abortos…então se sempre haverá abortos, como pode ser utilizado como argumento contra a actual lei o facto de existirem abortos, se eles sempre existirão, principalmente quando está historicamente provado que o tipo de alteração legislativa que propõem fará com que estes aumentem exponencialmente? Argumentos irracionais e contraditórios como este poderão servir para alterar qualquer lei do nosso ordenamento jurídico como por exemplo, as leis que proíbem o roubo… (sempre haverá quem pratique o enriquecimento ilícito) ou as leis que punem a fuga aos impostos (sempre haverá quem prefira gastar o seu dinheiro numa vivenda com piscina a canalizá-lo para auto-estradas, etc).
Em conclusão gostaria ainda de agradecer à RTP e à apresentadora do debate, Fátima Campos Ferreira, a excelente oportunidade que deram aos apoiantes do Sim de se contradizerem perante milhares de espectadores durante as cerca de 3 horas e meia de duração do programa.
terça-feira, 30 de janeiro de 2007
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4 comentários:
Parabéns! está brilhante!
sou mãe e estou felizmente à espera de mais um filho e não há felicidade maior!
Claudia Gonçalves
adorei a vossa forma coloquial e jovem de colocar o problema estou convosco amigos
muito bom mesmo.
Quando não se sabe o que se há de dizer.. sái tudo da boca para fora... mesmo contradições obvias...
João: Adorei o teu artigo! Um abraço, L
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