sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

ABORTO CLANDESTINO : O FIM?

São vários movimentos e personalidades ligados ao NÃO À VIDA que auguram o declínio do aborto realizado clandestinamente, com a derrota da Vida no próximo referendo popular, a realizar dia 11 de Fevereiro do corrente.

Contudo, compete-me elucidar o leitor – eleitor do estado da Lei actual, para tentar compreender os motivos que levam a futura Mãe a adoptar tal comportamento. Preocupa-me a incoerência demonstrada pelos portugueses (não tomemos a parte pelo todo), por exemplo, na sondagem que a Intercampus forneceu à TVI, jornal Público e Rádio Clube Português e que apareceu nos meios de comunicação social dia 11 Janeiro – a um mês da data do referendo.

Assim, casos de violação, risco sério para a saúde da Mãe ou grave malformação do feto estão já toleradas na Lei em vigor. Porquê, então, o aborto clandestino? Não, não é a saúde da Mãe, nem a da criança, nem as circunstâncias da concepção da mesma, que preocupam e movem os impulsionadores deste referendo. Trata-se de dar liberdade de escolha e azo aos caprichos da futura Mãe. Se a Mãe tem, ou não, o direito de decidir ‘hoje vives, mas amanhã morres’, não cabe no tema da actual dissertação, sendo desenvolvido por um dos meus colaboradores.

Sejamos honestos (oh não, a honestidade é uma virtude cristã? Deturpa a minha visão da vida? Torna parcial o meu juízo? Não procuremos subterfúgios nem preconceitos), o aborto clandestino irá continuar a existir, resta saber se de braços dados com o aborto legalizado, ou mantendo-se as condições clandestinas. E as toleradas pela Lei. As razões da clandestinidade passam pela discrição. Por um ‘correu mal’, um ‘descuido’, ou um ainda mais cru ‘está furado!’. Irresponsabilidade, imaturidade. A Pílula do dia seguinte, já de uso legalmente aprovado, não permite desde o início a resolução deste ‘problema’, deste ‘incómodo’?

Podem-me responder a uma pergunta? Pois confesso que tudo isto me confunde! Capricho por capricho, qual é a diferença entre as 10 semanas e… 11 semanas? O que é que se alterou? E… 15? E quarenta? E os 6 meses após o nascimento? Qual é o critério?

Fascina-me ter conseguido escrever tanto sobre um assunto que, parando para pensar, não tem pés nem cabeça. Desculpem-me.

16 comentários:

Anónimo disse...

Aqui está um artigo ao "correr da pena" bastante interessante. Embora remeta recorrentemente para o facto de estar tudo resolvido com "leis anteriores". O que está para trás, mal, é susceptível de crítica.

Rafael de Souza-Falcão disse...

não foi minha intenção culpar ou sobrecarregar a ex-futura Mãe pois, convenhamos, muitas vezes a isso é obrigada pelo ex-futuro Pai. Faltou-me assim incutir responsabilidade ao Pai, ou a quem sobre a Mãe exerce qualquer tipo de violência, nesta decisão.

DAmneD disse...

Peço desculpa pela invasão mas não resisti deixar um comentário neste post.

Bem sejamos claros e racionais.

Uma pessoa com poucas possibilidades pode abortar de forma segura? "Não"

Uma pessoa com algumas possibilidades pode abortar de forma de segura? "Sim"

Existem consultórios onde se pode abortar. Toda a gente sabe onde ficam esses consultórios, o problema é que provocar um aborto de forma segura não é proprimente uma coisa acessível para as classes médias e baixas.

Se os "ricos" podem abortar de forma segura porque não poderão os "pobres" abortar também? É ser-se, no meu ver, hipócrita quando se defende a punição de uma pessoa que por em simplesmente não pode ficar com uma criança que ainda não chegou a ter vida.

Nem tudo é o que aparece na televisão.

Há famílias problemáticas maridos que forçam as mulheres a fazer sexo sem protecção, violações não denunciadas tudo por medo de represálias nem tudo é tão claro.

Bem espero ter mexido com algumas mentalidades

Parabéns pelo teu blog!
Apesar de não partilhar de algumas das tuas ideias sei lhes dar valor!

Passa bem!

Anónimo disse...

Respeitando opiniões e tentando ser “clara e racional” espero que entendam que este não é um assunto pelo qual as pessoas tenham de aceitar tudo o que lêem e ouvem. Por estas razões não posso deixar de esclarecer o comentário anterior.

Não sei se é ou não o teu caso mas, independentemente de estares ou não perante uma situação dessas, há alternativas. Não estamos a viver num mundo egoísta, e ainda há quem pense nos outros. Não me refiro aos seres no útero da mãe mas sim às mulheres que mencionaste.
Sim, há casos e casos, é verdade, mas talvez seja importante relembrar que essas mulheres, nessas situações, sofrem. Agora pergunto, achas que sofrem pelo seu filho inesperado ou será que é pelo medo de não conseguirem encarar a criança que nascerá em breve? Não é que não amem o bebé, apenas têm medo de o encarar todos os dias e relembrar tudo o que de mal lhes aconteceu. Isto é ser-se humano, não julgo uma mulher por querer abortar, julgo quem não a defende do medo que está a viver.

Vou-te dar um exemplo de fraqueza, o suicídio. Alguma vez tiveste uma depressão ou acompanhaste de perto alguém nestas circunstâncias? Eu já. Sabes, o ser humano é limitado, e por vezes reage sem querer, sem sequer perceber o que está a fazer. Os suicídios acontecem por varias razões, mas é ou não uma delas a solidão, a insegurança? O MEDO é o factor que nos leva a chorar. Mas, já não é uma noção comum a todos que a vida não é perfeita? Bem, para quem não sabe, não, a vida não é perfeita. Mas os momentos especiais acontecem, somos nós que definimos o nosso perfeito. Talvez o momento que é para mim magnifico é para ti apenas mais um dia comum, mas eu gosto de viver. Posso não ter uma vida perfeita mas, quem tem?? Vendo que posso perder tudo o que me rodeia ao morrer, eu sei que realmente amo a vida. Nunca estamos satisfeitos com nada mas temos de aprender a estar. O mesmo acontece com uma grávida, que pelo medo e pela solidão é levada a estragar a sua própria vida com os desequilíbrios que virá a ter.

Não sei se adiantou de alguma coisa ou não, não posso dizer mais do que os que estão à frente do Blog, mas espero que compreendas, uma mulher nunca mataria o seu próprio filho. Há gente cruel e fria neste mundo mas nunca um filho, nunca o que está dentro dela. Acredites ou não, é uma realidade. Para acabar e voltando ao mencionado no comentário, já são alguns os abortos ao preço estipulado, consegues ter a pequena ideia do aumento que iria haver se este preço baixasse? Os mais afectados são os “pobres”, talvez porque são os que se sentem mais sozinhos. Talvez porque ainda vivem num mundo em que a mulher não serve para mais do que dar algum prazer.

Espero que acredites no que defendi e peço-te, se conheces alguém em situações de violação, maus-tratos e todos os outros casos surreais que prefiro não mencionar, ajuda-a pelo simples encaminhamento a uma associação de apoio como o caso da AMA. Por favor, independentemente do que achas sobre isto, não sejas mais um “assassino”.


Não queres o teu filho, dá-mo. Eu amo-o.

Pedro Machado disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pedro Machado disse...

caro damned:
o aborto é uma realidade que deve ser criticada, com alguma compreensão obviamente, independentemente de ser feita em portugal ou no estrangeiro, em clinicas clandestinas ou em clinicas estrangeiras, com condições ou sem condições,por pobres ou por ricos.
O que nos cabe a nós ( nós, estado, nós portugueses ) é dar condições as mulheres portuguesas, a todas as mulheres portuguesas, ricas ou pobres, para que não se encontrem numa situação em que o aborto seja a unica solução aparente.
Todos esses casos que referiu não são poníveis pela lei actual, o julgamento não é uma pena, trata-se de um processo para averiguar de quem é a culpa e obviamente que uma mulher que praticou um aborto e cujo marido a forçou a fazer sexo sem protecção não vai ser ser punida, pois a culpa é diminuta.
Quanto a todos os outros argumentos do sim, como falta de condições económicas, é obvio que constituem um problema para a mulher, mas esse preblema não pode ser resolvido com outro.

Anónimo disse...

Se olharmos para o resto do Mundo dito civilizado e desenvolvido, podemos verificar que nos países em que o aborto foi despenalizado não se verificaram aumentos nas taxas desta prática. O porquê disto deve-se ao facto de as pessoas se encontrarem melhor informadas. Se vivessemos num país em que a educação sexual e o próprio sexo não fossem um tabú social, se existissem planos de acompanhamento familiar bem implementados, se o nosso sistema de adopções não fosse tão burocrático, acredito que este problema não seria tão vincado. Se estes problemas pudessem ser ultrapassados penso que a despenalização do aborto poderia ser encarada como deve: uma forma de permitir à mulher fazê-lo em segurança, pois acredito que nessas circunstâncias o número de abortos iria diminuir. Mas como não vivemos numa sociedade perfeita (longe disso) espero que as pessoas votem em consciência, independente da sua posição face a este assunto, e que o processo corra de forma clara e seja pacífico, pois se somos um povo civilizado, não devemos ser confrontados com insultos de ambas as partes em relação às opiniões pessoais de cada um.

DAmneD disse...

Peço desculpa de estar a fugir do tema central mas digam-me só uma coisa vocês são ou não a favor da despenalização do aborto em Portugal?

Fiquem bem!

Anónimo disse...

Caro Carlos Amorim:

Concordo com a tua defesa a uma sociedade informada e é de certo algo pelo qual devemos lutar. Mas isso não significa que sejam aceites os abortos até às 10 semanas apenas por desejo da futura mãe. Contudo, volto a afirmar que uma mulher não quer acabar com a vida que está dentro dela. Esse “desejo” é derivado de falta de informação mas não só! Há pessoas bem informadas que são levadas a cometer os mesmos erros. A manipulação sobre a mulher deve ser travada! Todos temos direito a fraquejar, mas isso não pode ser proveito para financiamentos ou práticas de novas ciências. A evolução de um país centra-se na justiça. Não vamos optar por uma determinada lei pelo simples facto dos EUA terem essa lei estipulada. Portugal tem de optar por ser um país justo e não por fazer os que os países mais desenvolvidos fazem.

Por outro lado, não te estarás a esquecer dos direitos do feto? È uma vida humana que está em questão, é um bebé… Se as pessoas não conseguem ter visão do problema desta forma, será que ao dizer que é um bebé que estão a matar tomam alguma atitude correcta?? Afinal, quem não gosta de bebés?

Quanto ao respeito entre opiniões, não era minha intenção ofender ninguém com o comentário anterior. Respeito quem seja a favor caso me saiba explicar o porquê dessa consistência --- o que devo dizer que ainda não me conseguiram mostrar.

Anónimo disse...

Caro Damned:

Penso que a resposta à pergunta esteja explícita em todos os textos do Bolg.

Votamos 'NÃO' e somos contra o livre aborto

Pedro Machado disse...

peço desculpa mas também não posso deixar de deixar aqui a minha opinão relativamente a este assunto.

caro danned: tal como já referiu a joana, nós somos contra a liberalização do aborto livre. Se somos ou não contra a sua despenalização é um assunto que não interessa para este referendo visto que não é isso que está em causa ( chamo atenção para os vários artigos que publicamos sobre esta questão ). A questão da despenalização já foi proposta várias vezes por defensores do NÃO na assembleia e não necessita de um referendo para a sua aprovação. Por sinal todas as propostas neste sentido foram chumbadas pelos defensores do SIM ( como também já expliquei num artigo intitulado de: "toda esta questão da prisão", e caso tenhas tempo poderás ver depois com mais cuidado ).

agora, caro carlos amorim: Portugal já foi muitas vezes exemplo para os outros países ( nomeadamente na abulição da pena de morte ) e se o NÃO ganhar isso voltará a acontecer. Informo também o carlos que já muitos países considerados por si desenvolvidos ( ainda gostava de perceber o que para a sociedade de hj signifa um país ser desenvolvido ) se aperceberam do erro que cometeram ao liberalizar o aborto e estão agora a implantar uma políta contrária (o caso dos EUA, por exemplo). E por isso digo que acredito num Portugal melhor, num Portugal mais solidário, num Portugal pioneiro e defensor da VIDA.

DAmneD disse...

bem me parecia, uma coisa é uma pessoa não concordar com o aborto, não vou discutir isso porque isso para mim é simplesmente uma questão pessoal que cabe a cada um decidir por si e não se deixar manipular ou tentar manipular. Outro é achar que as pessoas que comentem abortos devam ir presas o que é no meu ver um escândalo... Não consigo utilizar mais argumentos para fazer ver a essas mentes fechadas, no meu ver, que são hipócritas, peço desculpa se ofendi alguém mas é só o meu ponto de vista. Assim sendo termino aqui com a minha assiduidade neste blog

Passem bem!

Soraia Pereira disse...

Caro damned, não me consegui conter, mas queria que analisasses a situação com maior profundidade..Se tens vindo a ler tudo o que está postado no blog, não percebo a quem queres chamar "hipócritas"!Para ser mt directa no assunto, hipócritas são os defensores do SIM:
1) Eles dizem que são contra o aborto..mas o que querem fazer?em vez de prevenirem o aborto, querem libera-lo (sem comentarios...);
2) Dizem que os defensores do NÃO nada fizeram desde o referendo de 1998, instituições e movimentos foram fundados para dar apoio e ajuda às mulheres, desde essa data...E eles?o que fizeram estes anos todos?Querem ir pelo mais fácil..."liberaliza-se e pronto, problema resolvido" (sem comentários);
3) 1º afirmam que as mulheres para além de sofrerem o trauma do aborto, vão sofrer o trauma da prisão...No outro dia disseram que afinal o aborto não provocava qualquer trauma...(sem comentários);
4)Querem acabar com o aborto clandestino, mas meu caro o aborto clandestino vai existir à mesma (basta o bebé ultrapassar as 10semanas)...Quem são afinal os hipócritas?????Nós somos contra o aborto, mas procuramos soluções (basta leres o que postei)...Nós queremos é acabar com o aborto, se o aborto for legalizado vai ser acessivel a mts mulheres que mts x são forçadas a faze-lo, sem falar do aborto clandestino... Portugal torna-se n1 "serial killer"...Enfim, desculpa-me qualquer coisa (e ja agora desculpa a escrita abreviada, mas é mais rápido escrever assim :))

Anónimo disse...

Caro Damned:

Tenho lhe a comunicar que lhe fico inteiramente grata por parar de comentar este Bolg, já que este tem como objectivo informar e explicar às pessoas o porquê do nosso ‘NÃO’. Acreditamos e respeitamos opiniões contrárias CASO estas forem justificadas. O dizer ‘SIM’ porque existem clínicas a praticar abortos clandestinos não é uma justificação!! Não vou repetir todos os argumentos por que luto pois já deu para perceber que o problema que está aqui em questão não é a falta de informação (isto supondo que leu pelo menos as respostas aos seus comentários).

Talvez tenha uma “mente fechada” mas não consigo perceber o porquê do seu consistir na liberdade das mulheres já que para si a liberdade humana não é relevante.

Com os maiores agradecimentos e desculpas por não ter feito de si uma melhor pessoa, até breve. Qualquer pergunta, estamos aqui mas peço que tenha a noção de que o nosso objectivo é o de defender a Vida e que nada nos vai fazer mudar de opinião.

Raquel Lopes disse...

caro damned:

apesar de concordar com as ideias da joana, penso que seria bom continuares a frequentar este blog, pois é o facto da liberalização do aborto que estamos a tentar mostrar que é errado ao qual tu pensas que é um assunto pessoal. Com todo o respeito, enganas-te! É um assunto de enorme importância que pode vir a ter consequencias drásticas! Como disse o Pedro Machado, e muito bem, o que está em causa neste referendo não é a despenalização mas a LIBERALIZAÇÃO TOTAL DO ABORTO ATÉ ÀS 10 SEMANAS!!!! Não achas que deve ser um assunto que se deva discutir e reflectir? Isto não é um assunto pessoal é sim um problema da sociedade que acarreta problemas para o futuro da sociedade. Pensa nisto!!!

Pedro Machado disse...

com certeza o nosso amigo deve ter percebido mal relativamente ao assunto despenalização. Apenas disse que a nossa posição não interessava para nada pois é fora do contexto. Mas já que ele ensiste fique o nosso amigo danned a saber que pessoalmente sou a favor da despenalização do aborto contudo não é isso que está em causa neste referendo e por isso é que defendo o NÃO. Bom mas acredito na sua mente aberta para perceber isto que tantas vezes já foi explicado neste blog.