 Em 1755, Marquês de Pombal proferiu aquela célebre frase (É preciso sepultar os mortos e cuidar dos vivos.) que antecedeu o arregaçar de mangas e que iniciou a reconstrução da cidade de Lisboa. Não sobrou pedra sobre pedra, bairros inteiros que ardiam foram depois apagados pelas não menos mortíferas águas do maremoto. Caos.
Em 1755, Marquês de Pombal proferiu aquela célebre frase (É preciso sepultar os mortos e cuidar dos vivos.) que antecedeu o arregaçar de mangas e que iniciou a reconstrução da cidade de Lisboa. Não sobrou pedra sobre pedra, bairros inteiros que ardiam foram depois apagados pelas não menos mortíferas águas do maremoto. Caos.Sentiu-se hoje de manhã em Portugal um tremor de terra de 5,8 na escala de Richter, abanão muito inferior ao sentido no ano de 1755.
O que ainda ninguém noticiou é que ontem, precisamente às oito da noite, se deu um enorme abalo em Portugal, quem sabe se com um maior número de vítimas do que o terramoto de 1755.
Foi este o terramoto: Portugal disse “sim” ao aborto livre até às dez semanas.
Muitos foram os edifícios a desabar e a tornarem-se pó, ou a arderem até que um maremoto os venha afogar: o edifício da ajuda à mulher em dificuldades, o edifício da solidariedade…
Eu sinto especialmente falta de um edifício (daquele edifício magnânimo e imponente, maior do que o World Trade Center), sinto falta do edifício do direito à vida. Esse jaz, definitivamente abalado nas suas fundações e arde, consome-se, transforma-se
Com uma simples cruz no “sim”, Portugal retrocedeu anos largos no percurso que a civilização deveria tomar: o percurso árduo e difícil da ajuda à mãe em dificuldades, o percurso economicamente mais caro de um maior abono de família e da reconstrução do decrépito sistema de adopção, o percurso da solidariedade e sobretudo o percurso da protecção aos mais fracos.
O ser humano até às dez semanas de existência foi, por excelência, a vítima deste enorme terramoto. E no entanto, Portugal fechou os olhos. E no entanto, Portugal decidiu optar pelo direito da mulher a decidir sobre o direito do feto à vida. E no entanto, Portugal preferiu deixar-se levar por Anacletos, Fernandas Câncios, Zés Sócrates, Edites Estrelas, Vitais Moreiras… E no entanto, e no entanto…
Este foi um terramoto festejado com palmas e urras pelos defensores do “sim”, que desta maneira dedicaram um festim a Hades.
Mas enfim, como o terramoto de 1755, também este passará, deixando no lugar da sua memória um desconforto e tristeza pelo passado ter sido assim.
O pior é que desta vez não existe nenhum Marquês de Pombal.
(também no Janelar)
 

 
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