quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

9 PERGUNTAS, 9 RESPOSTAS

Com o objectivo de esclarecer e informar foi-me sugerida a realização e, posteriormente, a publicação de uma entrevista a um profissional de saúde. Aqui está ela!

Dra. Isabel Martins, mãe e médica especialista em pediatria, desempenha, actualmente, funções na área da neonatologia, mais propriamente nos cuidados intensivos neonatais. Contacta diariamente com recém-nascidos saudáveis e trata recém-nascidos com doenças graves do período neonatal incluindo os grandes prematuros. Assim, esta posição envolve-a particularmente no relacionamento com muitas famílias bem como com a problemática do tema da Vida.

1.A pergunta levada a referendo incide sobre a “despenalização”. No entanto, esta “despenalização” é uma “liberalização legalizada”. Concorda com esta afirmação? Quais serão as consequências da liberalização total do aborto, a pedido da mulher até às 10 semanas?

Sim, concordo. O que está em causa é a liberalização. As consequências da liberalização do aborto são fundamentalmente a perda de liberdade e de responsabilidade. Só se é verdadeiramente livre se ao fazer uma escolha se opta pelo Bem… Para fazer o que apetece, o mais fácil, não é necessária liberdade. Se se opta pelo Bem (neste caso pela vida), é isso que nos torna inteiramente livres e felizes porque optamos por ser mais humanos e mais responsáveis…

2.Afirmam os apoiantes do Sim que o aborto é um meio de auxílio à mulher. Mas será que liberalizar o aborto torna a sociedade mais solidária com ela? Será que a morte do filho é a melhor solução para uma mulher com dificuldades na vida?

Não em absoluto. O aborto nunca foi, não é e nunca será um Bem. Ser solidário é esquecer-se de si para ir ao encontro do outro. Uma sociedade que não opta pela vida está enfraquecida, doente, fragilizada e consequentemente menos solidária. Compete a ela e ao Estado zelar para que todas as mulheres possam optar pela vida.

3.Quando não são apresentadas outras alternativas à mulher senão a morte do filho, muitas delas acabam por abortar. Contudo, considera que essas mulheres, quando vão abortar, estão de facto conscientes dos perigos e consequências que esse facto trará?

Ninguém é bom juiz em causa própria! O grande desafio do nosso tempo é ter a capacidade de transformar o desespero de alguém num facho de luz que empunhamos em benefício dos outros. É preciso aprender e ensinar que não interessa o que nós ainda temos a esperar da vida, mas sim o que a vida espera de nós…

4.Considera ser coerente que numa sociedade, que se diz defensora dos Direitos Humanos, seja negado o direito à Vida?

O direito à Vida é um direito fundamental em qualquer sociedade que se diz moderna. Di-lo também a Constituição Portuguesa. Ao negá-lo, estamos a tornar-nos inumanos e a perder o que nos distingue dos outros seres da natureza: inteligência, amor e raciocínio

5.Concorda que a saúde de outras mulheres fique à espera para que o aborto se faça em outras mulheres até às 10 semanas?

Não. Isto seria a perversão da medicina que tem como função intrínseca ser curativa. O aborto produz graves consequências na saúde física e psíquica da mulher.

6.É-se mais humano às 10 semanas e 1 dia do que às 10 semanas?

Cada vida humana vale por si mesma. É única e irrepetível. Não se ajusta às nossas limitadas equações matemáticas nem se coaduna com os limites que queremos impor-lhe. Vale por si mesma, em absoluto, desde o seu início até ao seu fim natural. “A Vida é um tesouro e a morte um acontecimento natural” (João Paulo II).

7.Na sua opinião os hospitais têm condições para realizar abortos?

Os hospitais são locais onde supostamente se recorre em situação de doença. Para além disso, um acto praticado a pedido não é um acto médico. Haveria também a quebra de confiança no médico que estaria a desvirtuar a sua principal função.

8.Na qualidade de filha, esposa e mãe, qual o seu ponto de vista sobre o que acontecerá caso o Sim ganhe relativamente ao plano familiar e à concepção de família?

Independentemente do resultado do referendo, é importante que continuemos empenhados em defender a família como lugar primeiro onde se aprendem os valores e a respeitar cada um pelo que é! E também uma boa dose de optimismo para ver uma oportunidade em cada dificuldade. Como filha, esposa e mãe vejo uma oportunidade de ser FELIZ! Este é o convite a todas as famílias no qual o Estado não pode estar ausente, mas cooperante pelo Bem Comum.

9.Qual a sua opinião sobre o facto de existirem médicos que assumem uma posição pró-aborto?

Penso que há uma reflexão séria que todos nós temos que fazer, mas particularmente os médicos. A dor das pessoas não se cura com “meia dúzia de químicos tomados a horas certas”.
“A Vida não nos pertence, senão quando sabemos renunciar a ser donos dela”. (Da Vida à Morte, Associação dos Médicos Católicos Portugueses).

4 comentários:

Anónimo disse...

vá lá, podia ao menos haver a decência de não se dar uma resposta logo nas perguntas...

Anónimo disse...

É mais do que decência responder àquilo que tem sido posto em causa.

Raquel Lopes disse...

caro anonymous:

nao acha esclarecedoras as perguntas e respostas feitas nesta entrevista? quer as perguntas quer as respostas sao objectivas e concretas! são realistas! nao podemos desmentir os factos!
é o ABORTO LIVRE que está em causa! Tao simples quanto isto!
Nao é isto que defendemos!
Defendemos uma sociedade moderna, sem mortes de indefesos, uma sociedade que AJUDA as mulheres com mais dificuldades.
o ABORTO LIVRE é uma porta para situações mais dificientes na nossa sociedade. Em vários estados dos EUA já se pratica o infanticídio. Estes estados começaram por aprovar leis como a que vai a referendo no dia 11 de Fev. Olhe onde a aprovação de uma lei que, à primeira vista, fala exclusivamente da despenalização, levou um dos paises mais civilizados do mundo!!!!!
Isto não pode acontecer em PORTUGAL, um pais que é PIONEIRO DA VIDA!!!

NÃO

Anónimo disse...

A observação de que podia ao menos haver a decência de não se dar a resposta logo nas perguntas ou é demasiado ingénua ou então não pode ter sido feita de boa-fé.

Uma médica pediatra não é propriamente uma pessoa inculta ou pouco letrada que se deixe facilmente "enrolar" numa pergunta insidiosa, quando esse é o caso.

Olhe, por exemplo, a pergunta que é feita no referendo... Acha que o seu formulado é assim tão claro para todos os portugueses? Eu acho que não. E acha que não é susceptível de, no mínimo, deixar muitas pessoas confusas? Eu acho que sim.

Muito sinceramente, devemos sempre pensar bem antes de agir -- e se, neste caso do pensar, tivermos de errar, que erremos por excesso, nunca por defeito...

E acho, finalmente, que se tivesse pensado um bocadinho antes de postar não teria feito essa observação. NÃO.